A mentalidade da Geração do Milénio:  Os livros-razão e as moedas digitais

A mentalidade da Geração do Milénio: Os livros-razão e as moedas digitais

Das moedas e notas introduzidas por volta do século VII, até ao lançamento dos pagamentos com cartões na década de 1960, os métodos de pagamento evoluíram muito desde o Império Mongol. Mas o que define os métodos de pagamento que escolhemos aceitar e manter num mundo acessível e interconectado?

Uma geração muitas vezes subestimada no seu potencial de perturbar o cenário dos serviços financeiros lidera agora a mudança em direcção à transformação digital. Essa mudança está a começar com os pagamentos móveis, actualmente o método de pagamento mais popular para satisfazer as necessidades desses nativos digitais: Os Millennials.

Não é nenhuma surpresa que as criptomoedas descentralizadas se tenham tornado recentemente uma escolha preferencial de investimento para muitos Millennials, uma geração que também é identificada como 'Gen Tech.' Eficiência, segurança, estabilidade e anonimato são recursos que satisfazem as necessidades de uma geração que se tornou cínica em relação ao sector bancário.

Para a geração do milénio, as transacções não são suficientemente eficientes para o seu mundo acelerado. A escalada de incidentes bancários fraudulentos e a prevalência de violações de privacidade diminuíram a sua confiança geral na segurança bancária, e o seu apreço pela privacidade e anonimato continua a crescer. E, no entanto, a mesma geração foi amplamente negligenciada pelos bancos centrais nas suas considerações de emissão de Moeda Digital do Banco Central (CBDC).

Vivemos “num mundo em que a geração do milénio está a reinventar o funcionamento da nossa economia, com o telefone na mão”, observou a Madame Christine Lagarde, directora do Fundo Monetário Internacional, no seu discurso no Singapore Fintech Festival em 2018. “A tecnologia vai mudar, e nós também temos de o fazer. A menos que queiramos ser a última folha de um galho morto, quando todas as outras tenham decidido voar com o vento.”

A Madame Lagarde estará a apelar aos bancos centrais que despertem para a gravidade das remodelações que a geração do milénio pode trazer à natureza, à estrutura e ao comportamento do sector financeiro nos próximos anos? Talvez. O valor das CBDC foi percebido há muito tempo pelas economias em geral, mas a diferente mentalidade de muitos legisladores e reguladores actuais continua a ser um obstáculo ao progresso.

Quanto mais cedo mudarmos as nossas mentalidades para acompanhar os nativos digitais e a sua onda de transformação digital, melhor. Se os partidos governantes não conseguirem introduzir novos métodos de pagamento que sejam relevantes para as novas gerações de consumidores, esses métodos serão simplesmente introduzidos pelo público na forma de uma revolução digital. E assim a decisão de adoptar uma CBDC não é apenas regulatória ou económica, mas também política.

Como tal, uma solução abrangente de pagamento móvel CBDC a nível nacional é recomendada como o próximo passo para os partidos governantes. Essa plataforma de pagamentos móveis é respaldada por uma moeda que actua como uma reserva segura e anónima de valor e meio de troca, ou seja, um sistema de pagamentos móveis interoperável com transacções realizadas em CBDC.

A solução de pagamento móvel CBDC auto-gerida não exige que os utilizadores tenham uma conta bancária ou conta de dinheiro electrónico em bancos ou prestadores de serviços de pagamento. No entanto, tal implementação requer a contribuição de todas as infra-estruturas financeiras dentro do país, incluindo bancos e prestadores de serviços.

Embora os bancos e prestadores de serviços não actuem como gestores de contas bancárias ou e-wallets (carteiras virtuais) no âmbito da solução de pagamentos móveis CBDC, eles podem desempenhar um papel significativo na oferta da infraestrutura geral e, além disso, serão capazes de utilizar a solução para apresentar um amplo conjunto de novos serviços ao público. Esses serviços podem estender-se a utilizadores bancários e não bancários, oferecendo microcréditos, serviços de microcrédito e liquidação instantânea sem risco. Serviços adicionais e inovações relacionadas a programas de recompensa e fidelidade, bem como serviços de redes sociais e e-commerce, também podem ser equacionados com a solução.

No que diz respeito à interoperabilidade, o intercâmbio e a troca entre a CBDC e outros instrumentos fiduciários e de moeda electrónica deverão continuar por um período transitório. A coexistência da CBDC com instrumentos de pagamento pré-existentes, como cartões e carteiras virtuais, será essencial para garantir a migração gradual para a CBDC e para dar tempo à análise do comportamento e tendências do mercado. Educar o público sobre a nova carteira virtual CBDC e utilizar ferramentas de marketing é também essencial para fomentar o processo de migração e facilitar a transformação na figura de uma escolha, e não de uma imposição.

Em conclusão, embora seja evidente que a CBDC tem um enorme potencial para se tornar o instrumento de pagamento dominante para a geração do milénio e para as gerações futuras, as decisões dos actuais legisladores, reguladores e líderes do sector financeiro mundial acabarão por determinar se essa transformação digital disruptiva será realizada através de uma evolução estratégica ou de uma revolução dos Millennial.

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